A Câmara Municipal de Loulé, com a exposição "LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades" está entre os três nomeados na categoria “Algarve”, para a atribuição dos Prémios Município do Ano 2018.
A cerimónia decorrerá no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, pelas 16h00 do dia 16 de novembro.
"LOULÉ. Territórios. Memórias. Identidades" (LTMI) é uma iniciativa que resultou da profícua parceria estabelecida entre a Direção Geral do Património Cultural/Museu Nacional de Arqueologia e a Câmara Municipal de Loulé/Museu Municipal de Loulé, através de protocolo de colaboração firmado a 08 de março de 2016. A exposição inaugurou no Museu Nacional de Arqueologia a 21 de junho de 2017 e encontra-se patente ao público até ao final de 2018, tendo sido visitada por mais de 200 mil visitantes. Exposição transformada em projeto, conta com ações de investigação no terreno, protocolos com universidades e culminará numa fase seguinte com a reestruturação do Museu Municipal de Loulé/ Quarteirão Cultural em 2021.
A LTMI surge como parte integrante do processo de desenvolvimento de Loulé baseado na identidade do lugar, das raízes das comunidades locais e da avidez de conhecer mais sobre o território e a sua ocupação, numa relação sempre presente com o hoje, que aqui se manifesta pelo núcleo Identidade, uma homenagem aos doadores e guardiões do património cultural louletano, que nos brindam com a sua companhia durante todo o percurso de visita à exposição.
São objetivos principais deste projeto:
- Contribuir para o desenvolvimento e coesão territorial e social através do Conhecimento, da Cultura e do Património;
- Promover Loulé como Município de Cultura e que promove a salvaguarda do Património;
- Valorizar o património local, as identidades, as memórias e os territórios;
- Aumentar o sentimento de pertença e reforçar a identidade coletiva das comunidades;
- Realizar uma síntese do conhecimento sobre o território de Loulé;
- Criar uma exposição acessível a todos e envolver toda a comunidade educativa louletana; Concurso Municípios do Ano PORTUGAL 2018 4
- Criar valor acrescentado para o território a partir da investigação paleontológica, histórico-arqueológica e antropológica;
- Contribuir para a criação de novos circuitos patrimoniais e aumentar a visita ao território.
“LOULÉ. Territórios, Memórias, Identidades” é uma exposição que revisita o tempo e o espaço através da investigação histórico-arqueológica realizada desde oitocentos até à atualidade. A equipa, constituída pelo Museu Municipal de Loulé (MML) e Museu Nacional de Arqueologia (MNA), trabalhou em uníssono para realizar durante dois anos um trabalho de conceção, preparação, produção e atualização do conhecimento. Envolveu 5 comissários científicos - representantes de várias gerações e décadas de trabalho, oriundos das universidades de Lisboa, Coimbra e Algarve - e especialistas de várias áreas: acessibilidade, comunicação, museografia, investigação, inventário, conservação e restauro e educação, mais de 40 autores nacionais e estrangeiros que realizaram textos e fichas para o catálogo. No total foram cerca de 200 pessoas a colaborar na exposição.
Reuniu-se o espólio louletano disperso por várias instituições através do empréstimo de objetos museológicos: Museu e Estação Arqueológica Cerro da Vila, Museus de Faro, Albufeira, Silves e Universidade do Algarve, UNIARQ-Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Museu Santos Rocha da Figueira da Foz e Museu da Lourinhã.
Num trabalho minucioso, de rigor e de cooperação inter-institucional esta exposição permitiu o depósito no MML de 2 espólios significativos para a história do concelho - Cerro Corte João Marques e Quinta do Lago que estavam há três décadas em Lisboa. Foi revisitado e atualizado o inventário de mais de um milhar de bens culturais móveis e relocalizados 154 sítios arqueológicos, tornando-se o único concelho completamente atualizado na base de dados nacional do Endovélico. Esta ação é decisiva para o conhecimento das especificidades do território e articulação com as áreas do Planeamento e Gestão Urbanística, e fulcral em sede de revisão do PDM.
A LTMI expõe o modo de viver e habitar o território desde a pré-história até 1384, data da Acta de Vereação mais antiga conhecida em Portugal. E num núcleo antes do Homem expõe uma espécie encontrada no território louletano o Metoposaurus algarvensis, um geosítio de referência mundial e que permite a Loulé ser, desde abril, aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO.
A dinamização da exposição, através dos serviços educativos de ambos os museus, tem permitido a milhares de alunos do concelho de Loulé deslocarem-se, a expensas do Município, à exposição a Lisboa.
Houve uma forte aposta em proporcionar a TODOS os visitantes, independentemente do seu grau de literacia, idade, género, grau de mobilidade uma oportunidade de ter acesso à informação sobre o importante legado deixado por inúmeras gerações no território de Loulé.
De forma pioneira e inovadora em exposições temporárias, LTMI’S trabalhou vários graus de informação e acessibilidade: a) integração na museografia peças tácteis em todos os núcleos expositivos; b) maqueta táctil do território de Loulé; c) textos em linguagem simples, trabalhados por especialista a partir das propostas dos comissários científicos, uma prática rara em Portugal; d) textos de sala, LCD’s, folheto e roteiro em três línguas (português, inglês e francês); e) aprofundamento do nível de informação, através dos conteúdos disponibilizados por núcleo em LCD's tácteis; f) áudio-guias com aprofundamento de conteúdos e com áudio-descrição em três línguas; g) guias tácteis no pavimento; h) textos de sala disponibilizados em Braille. Concurso Municípios do Ano PORTUGAL 2018 5
Esta exposição temporária tem-se demonstrado um enorme fator de atração quer para o Museu Nacional de Arqueologia, ultrapassando os visitantes de exposições temporárias análogas, quer para o Museu Municipal de Loulé ao contribuir para lhe dar visibilidade nacional e revelar aos louletanos a grandeza do seu património cultural, tendo recebido reações como “não fazia ideia da nossa história e da qualidade do nosso património” ou “muito obrigada por esta oportunidade, ao dar-nos a conhecer a nossa identidade, hoje sou uma louletana mais consciente e orgulhosa do meu concelho”.